Helena Katz
O que lateja na palavra pandemia
TRECHO DO LIVRO
“Segundo Anatole Bailly (1950), quando Platão, em Das Leis, usou a palavra ‘pandemia’, ele se referia a qualquer acontecimento capaz de atingir ‘toda a população’. Aristóteles também a empregava com o mesmo sentido. Foi Galeno quem a adotou para identificar epidemias de grande difusão e alcance. Sua incorporação ao vocabulário médico se deu no século XVIII, no Dictionnaire universel français et latin, conhecido como Dicionário de Trévoux (1771). Em português, a palavra foi dicionarizada como termo médico por Domingos Vieira, em 1873. Hoje, usamos pandemia (do grego, pan = tudo, todo; e demos = povo) para nos referir a uma doença infecciosa que se transforma em epidemia porque se espalhou por uma vasta região e não estanca, internacionalizando-se. A lista não é pequena, tampouco os números. Para lembrar algumas, podemos começar pelo HIV, que surgiu nos anos 1920, em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, e se disseminou no final dos anos 1970, tendo já infectado mais de 76,3 milhões de pessoas, com mais de 39 milhões de mortes (cerca de 52%), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
(…) Que equívoco, então, pode existir no atual uso do termo pandemia? Se lembrarmos que as palavras, além da necessidade de estabelecer liames precisos com os fenômenos que designam, fazem mais que isso, pois criam sentido e também mundos, saberemos que nossa atenção com cada uma delas exige não abandonar o estado de alerta.”
Ficha Catalográfica
Coleção: Pequena Biblioteca de Ensaios
Coordenação editorial: Laura Erber
Editora: Laura Erber
Preparação de texto: Angela Vianna
Revisão de texto: Maria Cecilia Andreo
Design gráfico: Maria Cristaldi
Publicação: 2020
ISBN: 978-87-93530-82-9
Especificações Técnicas
Arquivo: Portable Document Format (PDF)
Formato: 210 x 297 mm (A4)
Páginas: 27
Tamanho: 398 KB