Adriano de Freixo
Os militares e o governo Jair Bolsonaro: entre o anticomunismo e a busca pelo protagonismo
TRECHO DO LIVRO
“Até não muito tempo, a visão sobre Jair Bolsonaro predominante entre a oficialidade superior das Forças Armadas era a de que ele havia sido um mau militar, reformado em decorrência de processos disciplinares. Assim, sua base eleitoral nos meios castrenses restringia-se, quase exclusivamente, aos praças e oficiais subalternos. No entanto, em 2018, a maior parte dos militares, incluindo várias de suas principais lideranças, apoiaria a candidatura do ex-capitão à presidência. O que teria levado a essa mudança de percepção e atitude em tão curto espaço de tempo? Dois anos decorridos das eleições, temos o maior número de ministérios chefiados por militares desde o governo Castelo Branco e quase três mil integrantes da ativa das Forças Armadas – sem contar os da reserva – ocupando cargos nos diversos escalões da administração federal. Com as Forças Armadas sendo abordadas pela opinião pública como as grandes fiadoras do governo Bolsonaro, cabe perguntar como se posicionariam diante de uma eventual debacle da atual administração. E até que ponto elas estariam dispostas a sacrificar a imagem positiva que possuem junto a setores expressivos da sociedade para manter a sustentação de um governo que começa a apresentar visíveis sinais de desgaste? Refletir sobre estas e outras questões tornando mais claras as relações entre as Forças Armadas, Jair Bolsonaro e o bolsonarismo é a proposta deste ensaio que a Zazie Edições publica agora.”