Sob olhos ocidentais

Tradução de Ana Bernstein

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SINOPSE

O livro reúne dois importantes ensaios da autora: Sob olhos ocidentais: estudos feministas e discursos coloniais de 1984, e Sob olhos ocidentais revisitado: solidariedade feminista através de lutas anticapitalistas, de 2003.

O primeiro ensaio é um clássico da teoria feminista, traduzido para diversas línguas e incluído em muitas antologias de teoria e crítica feminista. Nele, Mohanty aborda criticamente o feminismo hegemônico ocidental. Mostra como esse feminismo produz discursos monolíticos sobre mulheres de Terceiro Mundo, reduzindo-as ao papel de vítimas de sociedades patriarcais e esvaziando seu poder de agenciamento e resistência. Mohanty mostra como esse tipo de construção corrobora ainda para reforçar os estereótipos do perfil das autoras do feminismo hegemônico ocidental, projetadas nesses textos como educadas, liberadas e progressistas, reproduzindo, assim, discursos e valores colonialistas e imperialistas.

Escrito quase 30 anos após a publicação deste ensaio, Sob olhos ocidentais revisitado: solidariedade feminista através de lutas anticapitalistas, permitiu que a autora reavaliasse e esclarecesse algumas de suas posições, respondendo à recepção e enorme fortuna crítica produzida em torno de seu primeiro texto. O foco da autora volta-se para o que denomina de prática feminista transacional anticapitalista e para a necessidade de uma solidariedade feminista além das fronteiras, baseada na organização anti-capitalista.

Comprometida com as lutas anti-racista, anti-capitalista e anti-globalização, além da descolonização do feminismo, Mohanty chama atenção para a necessidade de análises que levem em conta a especificidade histórica e cultural das mulheres marginalizadas tanto no Norte quanto no Sul global (ou mundo do um terço e mundo dos dois terços, como denomina em seu ensaio) a fim de melhor compreender sua agência como sujeitos situados. Na sua perspectiva, é preciso partir de análises interseccionais que reconheçam essas diferenças históricas e sociais — mas que também estejam atentas aos interesses políticos comuns, como a luta contra o capitalismo global e contra o racismo —, só assim uma solidariedade feminista sem fronteiras poderá ser de fato estabelecida.

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