Guilherme Bianchi

Guilherme Bianchi

A vida política da paisagem

 

SINOPSE

A vida política da paisagem é fruto de uma estadia de Guilherme Bianchi entre abril e maio de 2017, junto aos Ashaninka, povo indígena que habita a bacia do rio Ene, na Amazônia peruana. É também o resultado de uma pesquisa colaborativa junto a uma das organizações representativas dos grupos da região, a Central Asháninka del Río Ene. O ensaio é parte da Tese de Doutorado de Bianchi, defendida na Universidade Federal de Ouro Preto em 2020, e integra um esforço mais amplo do autor para evidenciar as cosmologias indígenas também como práticas políticas, evitando confiná-las ao campo do que nos acostumamos a denominar pensamento abstrato.

TRECHO DO LIVRO

O conflito entre Ashaninkas e a construtora brasileira Odebrecht em 2011, e o envolvimento dos primeiros nos debates sobre a construção da barragem hidrelétrica de Pakitzapango em seu território ancestral, emerge aqui como situação paradigmática dos dilemas em que os povos indígenas estão envolvidos no presente. Procuro mostrar como conflitos tão atuais também são ilustrativos do modo através do qual, ao longo de uma história de longa duração, as experiências políticas dos Ashaninka foram marcadas pela inserção de interesses pragmáticos no interior de construções míticas ou cosmológicas. Esse tipo de articulação é então analisado em outras situações da história indígena, como nas instáveis relações entre os Ashaninka e outros grupos indígenas antes da chegada dos espanhóis em território amazônico, no alvorecer do século XVI. As relações de continuidade e descontinuidade entre cosmologias indígenas e práticas políticas são pensadas a partir de suas imbricações em situações históricas complexas, mobilizadas por sujeitos que não são apenas reprodutores passivos dessa relação, mas agentes que a imaginam e reimaginam em seu próprio “mundo da vida”. A partir disso, sugiro que a mobilização política da paisagem mítica possa ser entendida como inversão das perspectivas hegemônicas que organizam os sentidos da economia política moderna, já que manifesta a especificidade das formas de vida de povos que concebem a natureza não como fronteira externa aos humanos, mas como continuidade relacional de seus próprios corpos com outros corpos (humanos e não-humanos) que habitam essa mesma paisagem.

Sobre o autor

Ficha Catalográfica
Coleção: Pequena Biblioteca de Ensaios
Coordenação editorial: Laura Erber
Editora: Laura Erber
Preparação de texto: Angela Vianna
Revisão de texto: Maria Cecilia Andreo
Design gráfico: Maria Cristaldi
Publicação: 2020
ISBN: 978-87-93530-76-8

Especificações Técnicas
Arquivo: Portable Document Format (PDF)
Formato: 210 x 297 mm (A4)
Páginas: 41
Tamanho: 1,29 MB

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