Rodrigo Turin
Tempos precários: aceleração, historicidade e semântica neoliberal
TRECHO DO LIVRO
“Uma política do tempo implica, acima de tudo, explicitar as condições de possibilidade da temporalização cotidiana, dentre as quais a linguagem tem papel fundamental. A naturalização e a incorporação dos conceitos da rede semântica neoliberal nos lançam em uma (des)temporalização alienante e patológica. Um dos seus efeitos é justamente a sensação de uma indisponibilidade da história, como se não restasse alternativa senão a adaptação contínua. Politizar o tempo, em sua dimensão linguística, ecológica, cotidiana, talvez permita elaborar, sobre novas bases, outra concepção de disponibilidade da história, sem a dimensão redentora e singularizante da modernidade clássica, mas também escapando ao narcisismo autodestrutivo do éthos neoliberal. Outros tempos possíveis, enfim.”