Victoria Ivanova
Sobre o inefável fascínio por conquistar a agência sistêmica
Tradução de Gabriela Baptista (Pretexto)
SINOPSE
Em Sobre o inefável fascínio por conquistar agência sistêmica a curadora Victoria Ivanova explora ideias advindas da arte contemporânea, do mercado financeiro e dos direitos humanos. Campos intrinsecamente contraditórios e profundamente problemáticos que interessam à autora na medida em que todos eles testam maneiras distintas de responder à necessidade de futuros alternativos. Trata-se também de uma reflexão sobre a temporalidade pós-contemporânea em que operar o presente do ponto de vista do futuro seria um dos requisitos chaves para a constituição de uma possível agência sistêmica.
TRECHO DO LIVRO
“Em The Time-Complex. Postcontemporary, Armen Avanessian e Suhail Malik propõem que a crescente complexidade das infraestruturas sociotécnicas e das formas de governança é sustentada por uma reorientação da própria lógica do tempo. Em vez de o passado dar passagem ao presente, sobre o qual, por sua vez, o futuro seria construído, ‘passado, presente e futuro entram em uma economia na qual talvez nenhum desses modos seja o principal, ou na qual o futuro substitua o presente como o principal aspecto estruturante do tempo’. Os efeitos desorientadores dessa restruturação temporal talvez estejam mais evidentes na neutralização do presente como a base sobre a qual se ganha tração e agência. Nessa ecologia, sistemas que defendem futuros especulativos têm um status privilegiado. A questão para qualquer projeto motivado pela transformação passa a ser: como obter eficácia sistêmica no contexto da pós-contemporaneidade? Se um sistema como a economia baseada no crédito está configurado para consumir um futuro antes que o presente futuro tenha chegado, como podemos capturar e aprender com os mecanismos de sucesso desse sistema? Da mesma forma, o que significa ter sucesso na ecologia pós-contemporânea? Será que a pós-contemporaneidade exige um conceito de ‘agência sistêmica’ para dar conta da sistematicidade estrutural que a primeira supõe?“